6º quinzena (06/07 a 20/07)
Roteiro de Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Cinema e Literatura
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
A Hora da Estrela, de Clarice
Lispector
“A Hora da Estrela” é o último romance da escritora
brasileira Clarice Lispector, publicado em 1977. Trata-se de uma obra
instigante e original, de cunho autobiográfico, pertencente à Terceira Geração
Modernista.
É
classificada como um romance intimista, também conhecido como romance psicológico,
estilo em que a autora se destaca.
Atividade inicial (aquecimento):
Assista
à entrevista da escritora Clarice Lispector sobre o seu livro A Hora da Estrela, realizada antes do
livro ser lançado:
Assista
uma cena do filme A Hora da Estrela, baseado
no romance de Clarice Lispector:
Leia
abaixo um trecho do livro A Hora da Estrela:
“Todas as
madrugadas ligava o rádio emprestado por uma colega de moradia, Maria da Penha,
ligava bem baixinho para não acordar as outras, ligava invariavelmente para a
Rádio Relógio, que dava “hora certa e cultura”, e nenhuma música, só pingava em
som gotas que caem – cada gota de minuto que passava. E sobretudo esse canal de
rádio aproveitava intervalos entre as tais gotas de minuto para dar anúncios
comerciais – ela adorava anúncios. Era rádio perfeita pois também entre os
pingos do tempo dava curtos ensinamentos dos quais talvez algum dia viesse a
precisar saber. Foi assim que aprendeu que o Imperador Carlos Magno era na
terra dele chamado Carolus. Verdade que nunca achara modo de aplicar essa
informação. Mas nunca se sabe, quem espera sempre alcança. Ouvira também a
informação de que o único animal que não cruza com filho era o cavalo.
— Isso, moço, é indecência,
disse ela para a rádio.”
Atividade inicial (aquecimento):
Depois
de assistir aos vídeos – a entrevista de Clarice Lispector sobre o livro A Hora
da Estrela e a cena do filme inspirado no livro da autora – e ler o trecho do
livro, disponibilizado acima, responda:
1. Clarice
Lispector comenta que seu livro fala sobre uma “inocência pisada”. Você acha
que a cena do filme e o trecho do livro A
Hora da Estrela exprimem, em algum momento, o caráter inocente da
personagem Macabéa? Indique em que momentos.
2. A
autora também afirma que o livro narra “a história de uma moça tão pobre que só
comia cachorro quente”. Indique em que momento, na cena do filme, há outra
referência à pobreza de Macabéa.
3. A
partir da leitura do trecho e da cena do filme, responda o que você deduziu da personalidade
de Macabéa, a personagem principal do livro: quais as características mais
marcantes dela? Comente também o que você achou do rapaz pelo qual Macabea se
apaixona na cena do filme.
Atividade complementar:
Assista
ao filme completo “A Hora da Estrela”, dirigido por Susana Amaral,
disponibilizado na plataforma do Youtube:
5º quinzena (22/06 a 06/07)
Roteiro de
Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Música e Literatura
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
Caro estudante,
Este roteiro tem como objetivo orientar
os seus estudos individuais, durante este período de atividades não
presenciais. Procure cumprir com responsabilidade e empenho as atividades
propostas, anote suas dúvidas para tirá-las com o professor, nos momentos
programados. Faça todas as anotações no seu caderno e diário de bordo.
Atividade inicial (aquecimento):
A
literatura e a música sempre tiveram uma relação bastante estreita. Nessa
atividade, iremos explorar essa relação através de uma música do cantor e
compositor Emicida.
Leandro
Roque de Oliveira (São Paulo, 17 de agosto de 1985), mais conhecido pelo nome
artístico Emicida, é um rapper,
cantor e compositor brasileiro. É considerado uma das maiores revelações do hip
hop do Brasil da década de 2000. O nome "Emicida" é uma fusão das palavras
"MC" e "homicida". Por causa de suas constantes vitórias
nas batalhas de improvisação, seus amigos começaram a falar que Leandro era um
"assassino", e que "matava" os adversários através das
rimas. Mais tarde, o rapper criou também um acrônimo para o nome:
E.M.I.C.I.D.A. (Enquanto Minha Imaginação
Compuser Insanidades Domino a Arte).
A
música apresentada abaixo, intitulada “Ismália”, faz parte do último álbum do
cantor, “AmarElo”, e faz referência a um poema homônimo de Alphonsus Guimaraens:
Ismália (Emicida)
(...)
Olhei no espelho, Ícaro
me encarou
Cuidado, não voa tão
perto do Sol
Eles num guenta te ver livre, imagina te ver
rei
O abutre quer te ver de
algema pra dizer: Ó, num falei?!
No fim das contas é tudo
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Quis tocar o céu, mas
terminou no chão
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Ismália, Ismália
Quis tocar o céu, mas
terminou no chão
Ela quis ser chamada de
morena
Que isso camufla o
abismo entre si e a humanidade plena
A raiva insufla, pensa
nesse esquema
A ideia imunda, tudo
inunda
A dor profunda é que
todo mundo é meu tema
(...)
Apunhalado pelas costas
Esquartejado pelo
imposto imposta
E como analgésico nós posta que
Um dia vai tá nos conformes
Que um diploma é uma
alforria
Minha cor não é um
uniforme
Hashtags #PretoNoTopo,
bravo!
80 tiros te lembram que
existe pele alva e pele alvo
Quem disparou usava
farda (mais uma vez)
Quem te acusou, nem lá tava
Porque um corpo preto
morto é tipo os hit das parada
Todo mundo vê, mas (...)
não diz nada.
No
vídeo abaixo, você pode escutar a música completa, com participação de Larissa
Luz e da atriz Fernanda Montenegro recitando o poema “Ismália” no meio da
música.
Atividade
principal:
A
partir da leitura e da escuta da música, responda:
- O que essa música representa para você? Quais sentimentos ela lhe despertou?
- Quais temas estão sendo tratados na música? Você reconheceu, na letra da canção, algum fato ocorrido recentemente no Brasil?
O
autor repete o nome “Ismália” várias vezes. Para entendermos melhor a aparição
desse nome, vamos realizar a leitura do poema homônimo de Alphonsus Guimaraens:
XXXIII – ISMÁLIA
Quando Ismália
enlouqueceu,
Pôs-se na torre a
sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se
perdeu,
Banhou-se toda em
luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a
cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em
par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao
mar...
Para
compreender melhor o poema, assista o vídeo abaixo retirado da série “Tudo que
é sólido pode derreter”:
Após
ler o poema e assistir o vídeo, responda:
- O que você achou do poema?
- O que você acha que Ismália estava tentando fazer? E o que terminou acontecendo com ela?
- Na música, Emicida diz que Ismália “quis tocar o céu/mas terminou no chão”. Qual a relação entre esse trecho e o restante da música? Você acha que a tragédia de Ismália tem a ver com o tema abordado nas demais linhas da música? Explique.
Atividade complementar:
Assista o episódio inteiro da
série “Tudo que é sólido pode derreter” que gira em torno do poema “Ismália”:
4º quinzena (08/06 a 22/06)
Roteiro de Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Literatura de autoras e autores negros
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
Caro estudante,
Este roteiro tem como objetivo orientar os seus estudos individuais, durante este período de atividades não presenciais. Procure cumprir com responsabilidade e empenho as atividades propostas, anote suas dúvidas para tirá-las com o professor, nos momentos programados. Faça todas as anotações no seu caderno e diário de bordo.
Atividade inicial (aquecimento) - Leia uma breve biografia da autora:
Mel Duarte nasceu em São Paulo em 1988, é escritora, poeta, slammer e produtora cultural. Começou a escrever aos oito anos de idade e iniciou sua atuação no mundo literário participando de saraus em sua cidade no ano de 2006. É graduada em Comunicação Social e já atuou na área antes de se dedicar completamente à vida de escritora.
Em 2013, publica seu primeiro livro, Fragmentos Dispersos, reunindo poemas de grande intensidade. Três anos mais tarde, vem a público seu segundo trabalho, Negra, nua, crua, livro de leitura indicada pela newsletter literafro novidades, sendo até hoje umas das resenhas mais acessadas do portal.
Em 2016 foi destaque no sarau de abertura da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty – e foi a primeira mulher a vencer o Rio Poetry Slam (campeonato internacional de poesia) que integra a programação da FLUP – Festa Literária das Periferias – no Rio de Janeiro. Em 2017, foi convidada a representar a literatura brasileira no Festival de Literatura Luso-Afro-Brasileira (Festilab Taag) em Luanda, Angola.
Na publicidade, já integrou o casting de campanhas como #VaiGarota, do Itaú (2018), Olla (2017), Natura (2017), Fundação Telefônica (2016). A escritora também já esteve no TED x Talks em 2016 e 2017.
Em 2018, seu livro Negra Nua Crua foi publicado na Espanha, com o título Negra Desnuda Cruda.
Atualmente Mel Duarte é uma das organizadoras da edição paulista do “Slam das Minas”, um slam voltado para o gênero feminino e durante seis anos integrou o coletivo “Poetas Ambulantes”, que distribui e declama poesias dentro dos transportes públicos.
Seus poemas buscam a representação da mulher negra para além dos estereótipos. Mel Duarte exprime em seus versos as dores, vivências, processos de empoderamento feminino e de aceitação estética vividos no cotidiano. Através de seu ponto de vista, traz a voz forte e revolucionária da mulher negra dentro da poesia marginal e da literatura afro-brasileira.
Atividade principal:
Após conhecer um pouco da história da autora, assista ao vídeo abaixo em que ela recita um de seus poemas.
Menina melanina
Passou por incertezas
Momentos de fraqueza
Duvidou se há beleza
Nos seus olhos escuros,
Seu cabelo encrespado,
Sua pele tom noturno,
Seu gingado erotizado.
Algumas por comodismo não se informam, nem vão atrás
Pra saber da herança que carregam, da força de seus ancestrais!
Preferem acreditar que o bom da vida é ter um belo corpo e riqueza
E que chegará ao ápice de sua carreira quando se tornar a próxima Globeleza.
Preta:
Mulher bonita é a que vai à luta!
Que tem opinião própria e não se assusta
Quando a milésima pessoa aponta para o seu cabelo e ri dizendo que ele está “em pé’’
E a ignorância dessa coitada não a permite ver...
Em pé, armado,
Que seja!
Pra mim é imponência!
Porque cabelo de negro não é só resistente,
É resistência.
Me aceitei, quando endredei
Já são 10 anos de cultivo e paciência
E acertei quando neguei
Esse padrão imposto por uma mídia de uma sociedade que não pensa.
Preta, pretinha
Não ligue pro que dizem essas pessoas,
E só abaixe a tua cabeça
Quando for pra colocar a coroa.
Assista a outro vídeo da autora em uma competição de slam:
Responda:
1. Descreva as sensações e reflexões que a leitura do poema e o vídeo despertaram em você. Fale um pouco sobre o que você achou, se já conhecia a autora ou a cultura dos slams.
2. Faça uma pesquisa sobre slam – ou poesia falada – e anote algumas informações sobre esse gênero: história, origem, características, estilo, poetas que lhe interessaram, etc.
3. Após inspirar-se assistindo outros vídeos de batalhas de slam, tente desenvolver seu próprio slam a partir de suas vivências, abordando assuntos que lhe agradam, seus interesses, seu dia a dia, etc.
Atividade complementar:
Acesse o site da autora disponibilizado abaixo e descubra mais sobre seus projetos, poemas, livros publicados, etc.:
3º quinzena (25/05 a 01/06)
Roteiro de Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Clássicos da Literatura Nacional
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
Caro estudante,
Este roteiro tem como objetivo orientar os seus estudos individuais, durante este período de atividades não presenciais. Procure cumprir com responsabilidade e empenho as atividades propostas, anote suas dúvidas para tirá-las com o professor, nos momentos programados. Faça todas as anotações no seu caderno e diário de bordo.
Clássicos da Literatura
Nacional
Úrsula
(Maria Firmina dos
Reis)
Quem foi Maria Firmina dos Reis, considerada a
primeira romancista brasileira
Atividade inicial (aquecimento):
Leia uma breve biografia sobre a autora publicada
na Revista Cult:
São Luís, 11 de agosto de 1860. Logo nas primeiras páginas do
jornal A
Moderação, anunciava-se o lançamento do romance Úrsula, “original brasileiro”.
O anúncio poderia passar despercebido, mas algo chamava atenção em suas últimas
linhas: a autoria feminina da “exma. Sra. D. Maria Firmina dos Reis, professora
pública em Guimarães”. Foi assim, por meio de uma simples nota, que a cidade de
São Luís conheceu Maria Firmina dos Reis – considerada a primeira escritora
brasileira, pioneira na crítica antiescravista da nossa literatura.
Negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de
um pai ilegítimo e nascida na Ilha de São Luis, no Maranhão, Maria Firmina dos
Reis (1822 – 1917) fez de seu primeiro romance, Úrsula (1859), algo até
então impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da
humanização de personagens escravizados.
“Em sua literatura, os escravos são nobres e generosos. Estão em
pé de igualdade com os brancos e, quando a autora dá voz a eles, deixa que eles
mesmos contem suas tragédias. O que já é um salto imenso em relação a outros
textos abolicionistas”, conta a professora Régia Agostinho da Silva, professora
da Universidade Federal do Maranhão e autora do artigo “A mente, essa ninguém
pode escravizar: Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no
Maranhão”.
Além de ter se lançado em um gênero literário sem precedentes no
Brasil – e dado as diretrizes para os romances abolicionistas que apareceriam
apenas décadas depois -, Firmina foi a primeira mulher a ser aprovada em um
concurso público no Maranhão para o cargo de professora de primário. Com o
próprio salário, sustentava-se sozinha em uma época em que isso era incomum e
até mal visto para mulheres. Oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira
escola mista para meninos e meninas – que não chegou a durar três anos, tamanho
escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães, onde foi aberta.
“A autora era bem conhecida para os maranhenses do seu tempo.
Professora, gozava de certa circularidade nos jornais. Apesar de mulher, não
era um pária social no período no qual viveu, mas claro que enfrentou o
silenciamento da sua obra”, conta Silva.
Esquecida por décadas, sua obra só foi recuperada em 1962
pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio de Janeiro
– e, hoje, até seu rosto verdadeiro é desconhecido: nos registros oficiais da
Câmara dos Vereadores de Guimarães está uma gravura com a face de uma mulher
branca, retrato inspirado na imagem de uma escritora gaúcha, com quem Firmina
foi confundida na época. O busto da escritora no Museu Histórico do Maranhão
também a retrata “embranquecida”, de nariz fino e cabelos lisos.
Atividade principal:
Após conhecer um pouco da história da autora, leia
o trecho abaixo do livro Úrsula (1859)
"Meteram-me a mim e a
mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto
porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta absoluta de tudo
quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as
praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em
pé e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais
ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da
Europa"
Conhecendo um pouco da
história da autora e do contexto em que o livro foi escrito, responda:
1.
Que tipo de situação você acha que o trecho acima está descrevendo?
2.
No trecho, a autora parece aceitar a situação que lhe foi imposta ou
demonstra revolta? Por que?
3.
Qual a sua opinião sobre a situação descrita no texto? Como você se
sente ao ler esse relato?
Atividade complementar:
Se quiser realizar a leitura
do livro completo e de outras obras de Maria Firmino dos Reis, você pode baixar
o PDF no link abaixo:
A obra é de domínio público
hoje em dia, sendo disponibilizada para quem quiser ler de forma gratuita.
Boa leitura!
2º quinzena (11/05 a 25/05)
Roteiro de Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Literatura de Cordel
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
Caro estudante,
Este roteiro tem como objetivo orientar os seus estudos individuais, durante este período de atividades não presenciais. Procure cumprir com responsabilidade e empenho as atividades propostas, anote suas dúvidas para tirá-las com o professor, nos momentos programados. Faça todas as anotações no seu caderno e diário de bordo.
Você sabe o que é Literatura de Cordel?
Provavelmente, você já deve ter lido ou ouvido algum cordel, mesmo sem saber que se tratava de um texto desse gênero.
A literatura de cordel é uma manifestação artística que combina vários elementos, como a escrita, a oralidade e a xilogravura. Essa expressão cultural brasileira é típica do nordeste do país, e se utiliza de folhetos que são tradicionalmente vendidos em feiras populares. O cordel nordestino tem como marca a maneira irreverente e coloquial de contar as histórias. Ele utiliza a simplicidade e a linguagem regional, o que o torna uma expressão de fácil compreensão para a população em geral. Apesar de ser uma expressão popular e coloquial, o cordel possui uma métrica específica, com o emprego de versos, e requer também o uso de rimas. Sendo assim, é necessário muita criatividade, técnica e sagacidade para ser um bom cordelista.
Outra característica que se destaca é o uso de desenhos impressos nos folhetos, que servem para ilustrar as histórias. Esses desenhos são feitos usando, principalmente, a técnica da xilogravura.
(Referência: https://www.culturagenial.com/cordel-nordestino-poemas/)
Você já ouviu falar nessa técnica? O vídeo abaixo explica como funciona o processo de criação da xilogravura:
No estado de Alagoas, há vários/as cordelistas importantes, que se utilizam de muita criatividade na hora da elaboração dos versos. Como exemplo, temos Jorge Calheiros, de Maceió, José Aparecido Ferreira, de Olho d’água das flores, Maria José de Oliveira (a Mariquinha), moradora do Vergel do Lago.
Hoje, iremos conhecer um autor que faz parte dos cordelistas contemporâneos de Alagoas. O cordelista Cícero Manoel cresceu ajudando os pais na roça no Sítio Ilha Grande zona rural de Santana do Mundaú, cidade da zona da mata alagoana onde reside hoje em dia. Começou a escrever poesia popular com dez anos de idade e aos dezesseis escreveu seus primeiros cordéis. Já publicou cerca de 30 folhetos e produz as gravuras que ilustram as suas capas. Tem três livros publicados: “Versos de um cordelista”, (2014), "Um cordel atrás do outro" (2017) e "Rimas do Mundaú" (2018), uma antologia organizada por ele.
Vamos ler um cordel produzido por ele:
POETA DO INTERIOR
Cresci com satisfação
Andando dentro do mato,
Sou um sujeito pacato
Matuto de pé no chão,
Não troco o meu sertão
Cheio de felicidade,
Por uma grande cidade
Com seu desenvolvimento,
Onde impera o sofrimento,
E a marginalidade.
Na roça eu me criei
Com prazer e alegria,
Nela com a poesia
Desde cedo me casei.
Na roça sempre versei
Agarrado a uma enxada,
Com a mão toda calejada
Cultivando o duro chão
Cantando o meu sertão
Em poesia rimada.
Lá aprendi a narrar
Os causos do interior,
A descrever o amor,
A tristeza e o penar.
Lá aprendi a usar
A simples literatura,
Pra levar minha escritura
Pra uma sociedade
Cheia de bestialidade
Que não sabe o que é cultura.
Sou um poeta do mato
Das bandas do interior
Um poeta cantador
Que faz da vida um relato.
Perdoe o meu verso chato
Medido na cantoria,
Pois nunca me atreveria
Escrever verso sem rima,
Como alguns lá de cima
Fazem com a poesia.
Na roça onde fui criado
O meu verso sai ligeiro,
Lá me inspiro no vaqueiro
E no homem do roçado.
No repente improvisado,
Nas histórias de trancoso,
No mundo maravilhoso
Das festas do interior,
Nas rezas do rezador,
Nas prosas do preguiçoso.
Gosto de me expressar
Na arte da poesia
Arte que me contagia
Arte que me faz voar
E que me faz viajar
Seguindo uma linha reta
Em uma nave secreta
Que nunca volte talvez...
Se eu nascesse outra vez,
Nascia pra ser poeta.
Santana do Mundaú – AL / 27 de janeiro de 2016
Abaixo, uma xilogravura feita pelo mesmo autor:
A partir das informações e da leitura dos versos de Cícero Manoel, responda:
1. O que você achou do cordel “Poeta do Interior”? Você concorda com a visão de mundo apresentada pelo autor nesses versos?
2. O autor fala bastante da roça onde foi criado com prazer e alegria, apresentando algumas características da região, como os vaqueiros, as rezas, as festas de interior. Para você, o que significa a palavra “roça”? Você já passou um tempo em um lugar assim? Que outras características você acrescentaria a essa região além das já mencionadas pelo autor?
3. Uma das características mais marcantes do cordel é a presença de rimas. Na primeira estrofe, por exemplo, observamos que a palavra “satisfação” (1º verso) rima com “chão” (4º verso) e “sertão” (5º verso). Anote aqui todas as rimas que você conseguir encontrar, separando-as por estrofes. Observe o exemplo:
1º estrofe: satisfação – chão – sertão
felicidade – cidade – marginalidade
(...)
4. Lembrando que um verso representa uma linha do poema, e uma estrofe representa o conjunto de versos, responda:
a) O que você notou em relação aos versos e às estrofes do poema? Quantos versos cada estrofe possui?
b) E quantas estrofes o poema possui no total?
5. Agora é a sua vez! Inspire-se nas rimas do cordelista e tente criar um pequeno cordel sobre o local que você mora. Pode falar das pessoas, das características do lugar, dos aspectos mais marcantes para você. Deixe a criatividade solta!
Ao terminar a atividade, você pode tentar fazer uma xilogravura improvisada com isopor, se possuir os materiais. Veja o tutorial abaixo e mãos à obra!
1º quinzena (27/04 a 11/05)
Roteiro de Estudo
REGIME ESPECIAL DE ATIVIDADES ESCOLARES NÃO PRESENCIAIS – REAENP
Componente curricular: Língua Portuguesa
Tema norteador: Literatura Alagoana
Laboratório: Clube do Livro
Carga horária: 4h
Caro estudante,
Este roteiro tem como objetivo orientar os seus estudos individuais, durante este período de atividades não presenciais. Procure cumprir com responsabilidade e empenho as atividades propostas, anote suas dúvidas para tirá-las com o professor, nos momentos programados. Faça todas as anotações no seu caderno e diário de bordo.
LITERATURA ALAGOANA
Jorge Mateus
de Lima nasceu dia 23 de abril de 1893 na cidade alagoana de
União dos Palmares. Passou sua infância em sua cidade natal e em 1902 mudou-se
com sua família para a capital: Maceió. ... Foi também Diretor-Geral da
Instrução Pública e Saúde em Alagoas.
Leia o poema abaixo com atenção para responder as questões propostas.
Essa Negra Fulô
(Jorge de Lima )
Essa Negra Fulô
(Jorge de Lima )
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!
Essa negra Fulô!
Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
Essa negra Fulô!
"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô!
Você também pode ouvir o poema no vídeo abaixo:
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô!
Você também pode ouvir o poema no vídeo abaixo:
Interpretação de Texto
01.
O poema : Essa Negra Fulô foi escrito
pelo grande escritor alagoano Jorge de Lima, o qual fazia sempre uma abordagem
do nordeste e de sua regionalidade.
Dessa forma, explique com suas palavras qual a relação deste poema com os dias
atuais:
02.
O poema é uma narrativa e conta uma
história que envolve a escrava Fulô. A palavra fulô é uma variação popular da palavra flor.Que relação tem esse dado com a conclusão do poema?
03.
Fulô é
acusada de roubar lenço, cinto, broche, terço de ouro, perfume. Na sua opinião,
Fulô estaria realmente roubando os pertences da Sinhá? Tanto em caso afirmativo
quanto negativo, levante hipóteses sobre por que isso estaria acontecendo.
04. Após a leitura e Interpretação do Poema, reconte-o, através de uma
linguagem verbal, fazendo uso das palavras ou da linguagem não-verbal, neste
caso você pode recontar o poema através de ilustrações.
Apartir dessa quinta 23/04. Pois modou a dinâmica das aulas . Um vez por quizena. Os professores estão elaborando
ResponderExcluirBOM DIA, meninos e meninas, ainda estamos aqui para auxiliá-los em suas dúvidas, é fundamental que vocês organizem os cadernos conforme foi orientado, dividindo por laboratórios, respondam as atividades, colocando as datas de cada uma e acompanhando as orientações para não acumular essas atividades. A partir desta semana vocês terão o suporte de professores todos os dias da semana, é só procurar acompanhar e fazer uso deste recurso. Pode mandar as dúvidas que faremos questão de atendê-los. Na próxima semana, já serão postadas novas atividades, por isso, é legal não deixar nada pendente.
ResponderExcluirAlana Vitória 7°c
ResponderExcluirAlicekauane 7d
ResponderExcluirJúlia vitória 7 C
ResponderExcluirBom dia, as atividades da quinzena foram lançadas e novamente estaremos à disposição de vocês para tirar qualquer eventual dúvida. Desejamos que tudo esteja bem, dentro das limitações impostas, e que continuem se cuidando para que possamos em breve retomarmos as nossas atividades de forma presencial.
ResponderExcluirjonas guilherme 7A
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